Visita Técnica à Penitenciária de Segurança Média 2 e a atuação do Psicólogo no Sistema Penal
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.17880736Palavras-chave:
penitenciária, psicologia, prisões brasileirasResumo
O presente trabalho discute a criação da Penitenciária de Segurança Média 2 (PSM2), em Viana, primeira unidade prisional brasileira destinada exclusivamente à população LGBTQIAPN+, e analisa suas implicações à luz das Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) no sistema prisional (CFP, 2021). A partir de visita técnica à unidade e fundamentação teórica, evidencia-se a persistência de práticas disciplinares e de controle social historicamente presentes nas prisões brasileiras desde o século XIX, marcadas pelo racismo estrutural, pela LGBTQfobia e pela lógica higienista. Dialogando com autores como Foucault, Koerner, Goulart e Silva, o estudo aponta que o sistema penitenciário continua operando como dispositivo de normalização e exclusão, mesmo sob discursos de ressocialização. A superlotação, a vulnerabilidade da população LGBTQIAPN+ e o papel ambíguo da psicologia — frequentemente utilizada como instrumento de classificação, controle e manutenção da ordem — são problemáticas centrais. Conclui-se que a análise crítica do sistema prisional brasileiro exige considerar seus fundamentos históricos, seus efeitos subjetivos e suas implicações ético-políticas, sobretudo no que diz respeito à proteção e aos direitos humanos de grupos minorizados.
Referências
Caitano, A. F., Alves, T. S., & Schiavon, G. C. (2013). O sistema prisional e o papel da Psicologia: diversos olhares, um ponto de vista. Revista Técnico-Científica do IFSC, 2(2), 1–10. https://periodicos.ifsc.edu.br/index.php/rtc/article/view/1267
Conselho Federal de Psicologia. (2021). Referências Técnicas Para Atuação De Psicólogas(Os) No Sistema Prisional. Edição Revisada. CFP. Referências Técnicas para Psicólogas (os) no Sistema Prisonal | CFP
Benelli, S. J. (2004). A instituição total como agência de produção de subjetividade na sociedade disciplinar. Estudos de Psicologia (Campinas), 21, 237-252.
Brasil. (1984). Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da União. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm
Estrella, R. D., dos Santos Duarte, F., Nogueira, J. M. M., Moraes, L. E. M., Lago, C., & de Quevedo, D. S. (2021). O Sistema Carcerário no Brasil. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 7(3), 588-596.
Filho, A. C. A. (2019). A garantia da saúde mental no sistema prisional: desafios e responsabilidades dos entes federativos a partir da PNAISP. [Artigo]. Revista Brasileira de Políticas Públicas.
Formiga, R. V. (2023). Violência prisional contra população LGBT no Brasil: um estudo exploratório. Repositório da UFPB. https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/31305
Foucault, M. (2008). História da sexualidade I: A vontade de saber (M. A. Ribeiro, Trad., 13ª ed.). Graal. (Obra original publicada em 1976)
Foucault, M. (2022). Vigiar e punir: Nascimento da prisão (R. Ramenzoni, Trad., 40ª ed.). Vozes. (Obra original publicada em 1975)
G1. (2022). Pessoas trans vivem sob ‘tolerância frágil’, diz pesquisadora que contabilizou 140 mortes em 2021. G1. https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/01/28/pessoas-trans-vivem-sob-tolerancia-fragil-diz-pesquisadora-que-contabilizou-140-mortes-em-2021.ghtml
Goulart, F. A. (n.d.). Do poder disciplinar de Foucault à questão penitenciária: Aportes sobre a especificidade prisional brasileira. Captura Críptica: Direito, Política, Atualidade. https://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/CC/article/view/7822
Instituto Igarapé. (2023a). Guia para inclusão social de egressos do sistema prisional. https://igarape.org.br
Instituto Igarapé. (2023b). Reintegração social de egressos: desafios e caminhos. https://igarape.org.br
Koerner, A. (2006). Punição, disciplina e pensamento penal no Brasil do século XIX. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, 68, 205–242. https://www.scielo.br/j/ln/a/dNCqBsPfKxtXg6kSkvPjWPx
Oliveira, R., & Souza, M. (2024). Sistema prisional em crise: uma análise da reincidência como medida da ressocialização. Encontro Nacional de Administração da Justiça (EnAJUS).
Psico. (n.d.). Disciplina e segurança em Michel Foucault: A normalização e a regulação da delinquência. Psico, X(X), 1–10. https://www.scielo.br/j/psico
Sá, L. B., & Aquino, T. A. (2018). Relações e relacionamentos de pessoas LGBT em prisão masculina: entre normas e limites do dentro e fora da prisão. Revista Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 11(2), 253–273.
Silva, A. A. L. da. (2022). A lição das trevas: Michel Foucault e a prisão. Cadernos de Ética e Filosofia Política, 41(2), 75–85. https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v41i2p75-85
Silva, L. F. (s.d.). Sexualidades encarceradas: dificuldades de acesso à remição pelo trabalho a indivíduos LGBT no sistema penitenciário nacional. [Artigo não publicado].
Socializa Brasil. (2023). Projetos de ressocialização. https://www.socializabrasil.com.br/ressocializacao
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Journal of Social Issues and Health Sciences (JSIHS)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
