Impactos da telemedicina no acompanhamento de gestantes residentes em comunidades indígenas

Resumo

O acesso das gestantes indígenas aos serviços de saúde no Brasil ainda é marcado por desigualdades históricas, culturais e estruturais, dificultando a efetividade do cuidado pré-natal. Barreiras como o isolamento geográfico, a escassez de profissionais e a dificuldade de articulação entre os saberes tradicionais e o modelo biomédico comprometem a assistência. Nesse contexto, a telemedicina surge como alternativa promissora para ampliar o acesso, garantir a continuidade do cuidado e melhorar os desfechos maternos e neonatais, desde que implementada com respeito à diversidade cultural e participação comunitária. Este estudo realizou uma revisão integrativa da literatura para analisar os impactos da telemedicina no acompanhamento de gestantes indígenas. Foram selecionados 10 artigos publicados entre 2018 e 2024, obtidos nas bases SciELO, LILACS, MEDLINE e BDENF. Os resultados evidenciam que a telemedicina contribui para o monitoramento clínico remoto, suporte a profissionais locais e ações educativas culturalmente adaptadas, promovendo maior adesão ao pré-natal e redução de deslocamentos desnecessários. Observou-se também uma melhora na articulação entre os níveis de atenção e no preparo dos serviços de referência para acolher gestantes indígenas. No entanto, persistem desafios como a precariedade da conectividade, falta de equipamentos, limitações na capacitação profissional e resistência cultural frente ao uso da tecnologia. Conclui-se que, quando articulada com a atenção primária e os saberes tradicionais, a telemedicina pode fortalecer a equidade no cuidado à saúde materna indígena.