Aspectos clínico-epidemiológicos da Síndrome de Boerhaave

Resumo

A Síndrome de Boerhaave é uma ruptura transmural espontânea do esôfago, geralmente localizada na porção intratorácica distal, à esquerda do terço médio, ] associada a vômitos intensos após ingestão excessiva de alimentos ou álcool. Trata-se de uma emergência médica rara e grave, com taxa de mortalidade variando entre 35% e 40%, podendo chegar a 100% nos casos sem intervenção nas primeiras 48 horas. Este estudo teve como objetivo identificar os principais aspectos clínico-epidemiológicos da síndrome de Boerhaave. Para tal, foi realizada uma revisão narrativa da literatura, com buscas nas bases PubMed, SciELO, LILACS e Google Scholar, utilizando os descritores “Síndrome de Boerhaave”, “ruptura espontânea do esôfago”, “epidemiologia” e “perfuração esofágica”. A síndrome representa 15% a 20% das perfurações esofágicas, com incidência estimada em 3,1 casos por milhão de habitantes ao ano, predominando em homens entre 50 e 70 anos. Em mais de 90% dos casos, há relação com consumo excessivo de álcool ou alimentos, sendo o vômito vigoroso o fator desencadeante em 56% dos relatos. Apesar de sinais clássicos, como a tríade de Mackler e o sinal de Hamman, serem descritos, ambos apresentam baixa prevalência, dificultando o diagnóstico precoce. As manifestações clínicas variam desde odinofagia até dor torácica intensa com irradiação, podendo evoluir para choque em estágios avançados. O diagnóstico diferencial inclui condições como infarto agudo do miocárdio, dissecção aórtica, tromboembolia pulmonar e pancreatite, além da síndrome de Mallory-Weiss, que se diferencia por apresentar laceração mucosa sem perfuração transmural. A confirmação diagnóstica depende de exames como tomografia computadorizada e esofagografia contrastada, sendo o reconhecimento precoce e a intervenção nas primeiras 24 horas determinantes para a melhora do prognóstico.