Análise das principais complicações em anestesia pediátrica
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.17886330Palavras-chave:
Anestesia pediátrica, complicações perioperatórias, segurança do pacienteResumo
Introdução: A anestesia pediátrica enfrenta desafios únicos devido às características fisiológicas das crianças, como menor capacidade residual funcional e maior consumo de oxigênio, que aumentam o risco de complicações respiratórias e cardiovasculares. Apesar de avanços, a anestesia em crianças ainda pode levar a eventos adversos graves e levantar preocupações sobre seus efeitos no neurodesenvolvimento. Objetivo: Analisar as principais complicações em anestesia pediátrica. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura sobre complicações em anestesia pediátrica, com busca sistematizada de artigos nas bases BVS, SciELO, PubMed e Google Acadêmico. A pesquisa foi guiada pela pergunta: Quais são as principais complicações em anestesia pediátrica? e seguiu a estrutura PICOTS. Foram incluídos estudos disponíveis integralmente em português ou inglês, abrangendo ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas, meta-análises e estudos observacionais, sem restrição temporal. Trabalhos duplicados, não direcionados a anestesia pediátrica ou desalinhados aos objetivos do estudo foram excluídos. Resultados e Discussão: Complicações respiratórias, como laringoespasmo e broncoespasmo, são as mais frequentes e graves, contribuindo para até 30% das paradas cardíacas perioperatórias. Técnicas como o THRIVE, que utiliza cânulas nasais de alto fluxo para prolongar a oxigenação durante a apneia, mostraram-se eficazes, especialmente em crianças com via aérea difícil. Em termos cardiovasculares, neonatos apresentam maior vulnerabilidade a bradicardia e hipotensão devido à dependência da frequência cardíaca para manutenção do débito cardíaco. Estudos como GAS, PANDA e MASK indicaram que exposições curtas à anestesia geral antes dos 3 anos de idade não aumentam significativamente os riscos de déficits cognitivos, mas múltiplas exposições podem impactar domínios neuropsicológicos específicos, como atenção e aprendizagem. Além disso, efeitos adversos como náuseas, vômitos e delírio de emergência aumentam os custos hospitalares e o tempo de recuperação. Conclusão: As principais complicações da anestesia pediátrica envolvem eventos respiratórios, cardiovasculares e efeitos adversos de medicamentos. O laringoespasmo e a dessaturação de oxigênio são os riscos respiratórios mais preocupantes, enquanto a bradicardia e a hipotensão são comuns devido à imaturidade cardíaca infantil. Eventos adversos medicamentosos, como delírio de emergência e náuseas, também são frequentes, mas podem ser reduzidos com protocolos adequados. Embora existam indícios de impactos da anestesia no neurodesenvolvimento infantil, as evidências ainda são inconclusivas. A adoção de medidas de segurança, como monitorização rigorosa e ajuste das abordagens anestésicas, é essencial para minimizar riscos e garantir um cuidado anestésico mais seguro.
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