Uso prolongado de inibidores da bomba de prótons: da proteção gástrica às repercussões renais, nutricionais e ósseas

Autores

  • Josiane Simplicio de Abreu Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Laís Moura Moreira Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Sávio Oliveira de Farias Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Daniel da Silva Borges Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Brenno Silva de Melo Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Vitória Gomes Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Jessica Brandão Portella Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Stella Gomes Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • André Matheus Santarém dos Anjos Silva Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Madja Iana Ferreira dos Santos Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor
  • Daniel Milleno do Vale de Jesus Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) Autor

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.17250183

Palavras-chave:

Inibidores da bomba de prótons, Doença renal crônica, Nefrite intersticial, Deficiências nutricionais, Hipomagnesemia, Prescrição racional.

Resumo

Introdução: Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) consolidaram-se como fármacos essenciais no tratamento das doenças ácido-pépticas devido à elevada eficácia e segurança em curto prazo. Entretanto, seu uso prolongado, muitas vezes sem indicação formal ou reavaliação periódica, tem levantado preocupações crescentes quanto a potenciais repercussões sistêmicas, incluindo efeitos renais, nutricionais e ósseos. Objetivo: Revisar criticamente a literatura recente acerca dos efeitos adversos associados ao uso prolongado de IBPs, com ênfase nas repercussões sobre a função renal, o metabolismo de micronutrientes e a saúde óssea. Metodologia: Trata-se de revisão narrativa com características sistematizadas, realizada nas bases PubMed, Embase e Cochrane Library, complementada por busca no Google Scholar. Foram incluídos estudos originais, coortes, ensaios clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises publicados entre 2018 e 2024, em português, inglês e espanhol, que abordassem desfechos renais, nutricionais e ósseos relacionados ao uso prolongado de IBPs (≥12 semanas, com ênfase em períodos superiores a 1 ano). Resultados: Os estudos analisados evidenciam associação consistente entre o uso prolongado de IBPs e aumento do risco de nefropatia intersticial aguda, declínio da taxa de filtração glomerular, progressão para doença renal crônica e, em casos específicos, evolução para doença renal terminal. Do ponto de vista nutricional, observou-se redução na absorção de magnésio, cálcio e vitamina B12, com repercussões metabólicas e clínicas relevantes. Em relação à saúde óssea, a literatura sugere aumento do risco de osteopenia, osteoporose e fraturas, embora com heterogeneidade entre os estudos e variação conforme características populacionais. Discussão: Os achados disponíveis sustentam plausibilidade biológica para as repercussões descritas, incluindo alterações na microbiota, inflamação renal mediada por mecanismos imunológicos, redução da acidez gástrica e consequente prejuízo na absorção de nutrientes. Apesar das limitações inerentes aos estudos observacionais, a consistência dos resultados em diferentes contextos fortalece a hipótese de associação causal. Clinicamente, esses achados reforçam a necessidade de prescrição racional, com reavaliação periódica, monitoramento laboratorial e estratégias de desprescrição quando apropriado. Conclusão: Os IBPs permanecem indispensáveis no tratamento das doenças ácido-pépticas, mas seu uso prolongado deve ser conduzido com cautela. Evidências recentes apontam riscos significativos de comprometimento renal, deficiências nutricionais e alterações ósseas, o que exige vigilância clínica e laboratorial contínua. O futuro do manejo terapêutico passa pela prescrição individualizada, pela integração multidisciplinar e pelo desenvolvimento de alternativas farmacológicas mais seguras.

Referências

Ang SP, Chia JE, Valladares C, Patel S, Gewirtz D, Iglesias J. Association between Proton Pump Inhibitor Use and Risk of Incident Chronic Kidney Disease: Systematic Review and Meta-Analysis. Biomedicines. 2024;12(7):1414.

Hassan M, et al. Association of Vitamin B12 deficiency with long-term PPIs use: A cohort study. Ann Med Surg (Lond). 2022;82:104762.

Moulaert B, et al. Proton pump inhibitors and risk of chronic kidney disease: Evidence from observational studies. J Clin Med. 2023;12(6):2262.

UK Biobank Study: Effect of dose and duration of proton pump inhibitors on risk of chronic kidney disease. Frontiers Pharmacol. 2022;949699.

ELSA-Brasil cohort: Kidney function decline associated with proton pump inhibitors. Sci Rep. 2023;13:48430.

Korean nationwide study: Long-term use of proton pump inhibitors was associated with rapid progression to end stage kidney disease. Kidney Int. 2024.

Srinutta T, Chewcharat A, Takkavatakarn K, Takkavatakarn Z, Praditpornsilpa K, Eiam-Ong S, Jaber BL, Susantitaphong P. Proton pump inhibitors and hypomagnesemia: A meta-analysis of observational studies. Medicine (Baltimore). 2019;98(44):e17788.

The association between proton pump inhibitors and hyperparathyroidism: a potential mechanism for increased fracture—results of a large observational cohort study. Osteoporos Int. 2023;34:1917-26.

Long-term proton pump inhibitor use and risk of osteoporosis and hip fractures: A nationwide population-based and multicenter cohort study using a common data model. J Gastroenterol Hepatol. 2022;37(1).

Use of proton pump inhibitors and risk of fracture in adults: A review of literature. Cureus. 2023 Dec 3;15(12):e49872.

Increased Risk of Fractures and Use of Proton Pump Inhibitors in Menopausal Women: A Systematic Review and Meta-Analysis. Int J Environ Res Public Health. 2022;19(20):13501.

Effect of proton pump inhibitors on bone mineral density: A systematic review and meta-analysis of observational studies. Osteoporos Int. 2020;31(5).

Proton pump inhibitor use is associated with hip fracture development: a nationwide population-based cohort study (n≈1,000,000). Korean J Intern Med . 2020 Sep;35(5):1084-1093.

Medicine (Baltimore). Updated systematic review and meta-analysis: Does the use of proton pump inhibitors increase the risk of hypomagnesemia? 2019;98(13):e15011.

Physicians’ perceptions and awareness of adverse effects of proton pump inhibitors and impact on prescribing patterns. Front Pharmacol . 2024 Jun 26:15:1383698.

Panesar M, et al. Proton pump inhibitors and serum concentrations of uremic toxins in patients with chronic kidney disease. Toxins (Basel). 2023;15(4):276.

Meta-analysis: Long-term PPI use and Vitamin B12 status: serum B12 & homocysteine levels. Aliment Pharmacol Ther . 2008 Mar 15;27(6):491-7.

Proton pump inhibitors and risk of osteoporosis or fracture in patients with type 2 diabetes mellitus co-administered with thiazolidinediones. J Clin Pharm Ther . 2022 Jul;47(7):1028-1035.

Downloads

Publicado

10/02/2025

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

ABREU, Josiane Simplicio de et al. Uso prolongado de inibidores da bomba de prótons: da proteção gástrica às repercussões renais, nutricionais e ósseas. Journal of Social Issues and Health Sciences (JSIHS), [S. l.], v. 2, n. 6, 2025. DOI: 10.5281/zenodo.17250183. Disponível em: https://ojs.thesiseditora.com.br/index.php/jsihs/article/view/463.. Acesso em: 5 dez. 2025.