Perfil de letalidade dos casos prováveis de Dengue no Brasil no ano de 2024

Resumo

Introdução: A dengue é uma arbovirose endêmica do Brasil, que apresenta um amplo aspecto clínico, podendo se apresentar desde uma forma oligossintomática até uma forma grave. Considerando seu potencial evolutivo para desfechos fatais, o objetivo deste estudo consiste em traçar um perfil da letalidade dessa enfermidade de acordo com a gravidade do quadro apresentado e do gênero e da idade dos pacientes acometidos. Além disso, objetiva-se estabelecer a incidência desta doença de acordo com a sazonalidade e da região do Brasil assolada, visando o direcionamento de políticas públicas para o melhor prognóstico dessa infecção. Metodologia: Estudo transversal descritivo com coleta de dados sobre os casos prováveis de dengue no Brasil no ano de 2024 realizada pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) disponibilizado pelo departamento de informações do sistema único de saúde (DATASUS). Resultados: No Brasil do ano de 2024, 6.442.122 casos de dengue provável foram notificados. A maior parte dos casos (89,18%) não apresentaram sinais de alarme, entretanto, na pequena parcela que apresentou ou sinais de alarme (1,53%) ou de gravidade (0,53%), a letalidade pela doença foi substancialmente mais elevada: enquanto, na dengue sem sinais de alarme, a letalidade foi de 3 a cada 10.000 acometidos; na dengue com sinais de alarme, a letalidade foi de 97,2 a cada 10.000 e; na dengue grave, 4.163. As notificações desta infecção ocorreram com maior frequência entre o público feminino (54,53%), com 20 a 49 anos de idade (34,45%), residentes da região sudeste do país (64,43%), entre os meses de fevereiro a maio de 2024 (84,57%).  O perfil de letalidade da doença, no entanto, não acompanhou esse perfil epidemiológico. A dengue foi mais letal entre o público masculino, nos extremos de idade (< 1 ano e maiores de 60 anos) e residentes da região Centro-Oeste do país. Conclusão: Compreender o perfil de letalidade da dengue é essencial para a identificação dos grupos populacionais mais suscetíveis a desfechos fatais dessa infecção, considerada a doença viral transmitida por mosquito mais prevalente e de mais rápida disseminação em humanos. Esse esclarecimento permite a elaboração de políticas públicas direcionadas para esses grupos, visando melhor prognóstico e sobrevida por essa enfermidade a longo prazo.