Riscos associados à exposição à radiação ionizante na prática anestésica: avanços, desafios e normativas de proteção no Brasil

Resumo

A descoberta e o uso da radiação ionizante, especialmente dos raios-X, proporcionaram diversos avanços à medicina contemporânea, sobretudo em aplicações relacionadas à identificação e ao tratamento de doenças. Embora os benefícios proporcionados pela radiação ionizante sejam incontestáveis, a conscientização sobre os riscos associados a essa tecnologia para os sistemas biológicos ainda é insuficiente entre os profissionais de saúde. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo analisar os riscos relacionados à exposição à radiação ionizante na prática anestésica, com foco nos impactos para a saúde dos anestesiologistas, além de explorar as estratégias de proteção radiológica disponíveis e as normativas de regulamentação vigentes no Brasil. A crescente demanda por procedimentos que utilizam radiação ionizante na prática anestésica exemplifica a complexidade dos avanços tecnológicos em saúde, uma vez que, ao mesmo tempo em que traz benefícios diagnósticos e terapêuticos, também apresenta riscos ocupacionais a longo prazo, como os efeitos determinísticos (catarata, vermelhidão da pele, perda de cabelo, hipotireoidismo, infertilidade e, em casos graves, danos hematológicos, gastrointestinais e cerebrais) e estocásticos (doenças genéticas e desenvolvimento de neoplasias malignas). Além disso, apesar de diretrizes existentes, como a Norma Regulamentadora 32 e as recomendações internacionais, oferecerem um arcabouço teórico para mitigar esses riscos, sua aplicação prática ainda enfrenta desafios, como a falta de treinamento adequado, uso insuficiente de equipamentos de proteção individual e falhas na fiscalização.