Ecologia de doenças: interações entre ambiente, patógenos e hospedeiros

Resumo

A ecologia de doenças constitui um campo interdisciplinar fundamental para compreender como processos ecológicos e sociais moldam a emergência, a manutenção e a disseminação de patógenos. Este estudo, desenvolvido como revisão narrativa de literatura, analisou publicações recentes em periódicos de alto impacto que investigam os efeitos da perda de biodiversidade, das mudanças no uso da terra, das alterações climáticas e da vulnerabilidade social sobre a dinâmica de doenças infecciosas. Os resultados demonstram que a redução da diversidade biológica pode intensificar a transmissão de doenças por meio da diminuição do efeito de diluição, enquanto processos como desmatamento e urbanização favorecem o contato entre humanos, vetores e animais silvestres, ampliando o risco de zoonoses. As mudanças climáticas, por sua vez, alteram a distribuição geográfica de vetores e ampliam a adequação ambiental para diferentes patógenos. Observa-se ainda que populações em maior vulnerabilidade social sofrem impactos desproporcionais em cenários de emergência epidemiológica. Conclui-se que a compreensão da ecologia de doenças exige uma perspectiva integradora, articulada pela abordagem de Uma Só Saúde (One Health), que reconheça a interdependência entre saúde humana, animal e ambiental.