Por um Eu enegrecido: as encruzilhadas da saúde mental, capitalismo e racismo
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.14448207Palavras-chave:
Capitalismo, Saúde mental, Colonialidade, Resistência, Subjetividade negraResumo
Este trabalho investiga a construção da subjetividade negra no Brasil, articulando as contribuições de Neusa Santos Souza e outros autores para compreender as inter-relações entre racismo, colonialidade e capitalismo. Com base na premissa de que “não se nasce negro, torna-se negro”, são baseados nos impactos da branquitude enquanto normativo ideal que molda desejos e subjetividades, estruturando um sistema opressor que afeta tanto o corpo quanto a psique. Argumenta-se que o ideal do “Eu branco” é imposto às pessoas negras como uma meta identitária, perpetuando desigualdades simbólicas e materiais. Nesse contexto, o ato de “tornar-se negro” é apresentado como uma prática de resistência e afirmação identitária, englobando processos de descolonização do corpo e da palavra. Tal processo, central para a saúde mental, desafia os significados coloniais atribuídos à negritude, ao mesmo tempo que promove a construção de novos sentidos e espaços de autonomia. Além disso, o estudo aborda as interseções entre racismo e capitalismo, evidenciando como as tecnologias raciais sustentam a exploração econômica e reforçam as estruturas de dominação. Por meio de uma análise crítica da subjetividade negra, este trabalho destaca a urgência de práticas antirracistas no campo da Psicologia Social e nas instituições de formação. A ressignificação do termo “negro” e a apropriação do discurso sobre si são enfatizadas como estratégias para a transformação subjetiva e coletiva, promovendo uma visão afirmativa e empoderadora da negritude enquanto ato político e clínico.
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